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por Débora Evangelista

Trabalhar como terapeuta ultrapassa a questão de atender pessoas. É um compromisso muito forte que se assume para consigo mesmo. Oferecer acesso para que as pessoas estejam com você em um ambiente seguro e com recursos necessários significa muitas vezes entender que as sessões se desdobrarão após o horário habitual em relatórios, estudos e formulações para entrega, envio ou preparo da próxima sessão. Tem que haver disponibilidade, alguns sacrifícios pessoais que se tornam especiais recompensas. O terapeuta é sobretudo alguém que ouve, não apenas o dito mas o que está sendo revelado no campo de energia que se instala na consulta. A escuta é tão importante quanto a palavra. Servir, estar aberto e receptivo torna-se muitas vezes mais importante do que apenas exercer uma técnica. Mas o silêncio é o evento mais importante de todos durante uma sessão. Será no silêncio que os insights e processos serão energizados, conduzidos e sintetizados por aquela inteligência que está além de paciente e terapeuta. O terapeuta tem que ter a imagem perfeita instaurada em seu olhar para com seu paciente, ele não pode assombrar-se ou envolver-se com os relatos mais fortes. Este é um momento onde a neutralidade contribui em um trabalho muito sutil. O olhar do terapeuta deve ser neutro encaminhando a sessão de forma que seus diagnósticos e interações auxiliem a elevar a visão que o paciente tem sobre si mesmo e as situações envolvidas, ampliando o espectro de possibilidades dentro de uma queixa ou problema. O toque, quando presente na sessão, deve ter a intenção de oferecer conforto, solidariedade, aproximação estabelecendo segurança, apoio e contato. O toque cura a percepção da separação, humaniza a consulta e materializa o contato integrando mente-emoção e presença. O aprendizado é contínuo. Cada sessão é rica fonte de aprendizagem e os efeitos na rotina diárias também, tanto do paciente quanto do terapeuta. A sessão não termina no consultório. O cuidar das percepções e levar alívio às dores emocionais, mentais e físicas para os pacientes requer que a missão do terapeuta seja sempre revista, ressignificada e exercida com o ímpeto e a paixão dos inícios e a maturidade do exercício exercido com o passar do tempo. Além das técnicas existe aquilo que o terapeuta desenvolve em si mesmo, a sua autorrealização e sua capacidade em expandir o campo de energia e deixar guiar-se com confiança e dedicação. É um belo trabalho que exige empatia, ética e compaixão. Se você busca esta formação, trabalhe muito a si mesmo, busque Autoconhecimento, submeta-se a uma supervisão, pois muito será exigido de você. Lindo dia!

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